Soneto do Jorge Ferreira

Quem sabe esse tempo que eu passo largado
num canto da sala buscando a linha do dia,
possa se transmutar numa tarde de alegria,
numa noite sem culpa ou marcas do passado.

Talvez as árvores que vejo da janela aberta,
sejam mais que um manto cheio de cigarrras.
talvez o verde que agride a cor dessa cela,
seja a música que falta dentro da algazarra.

Possa ser que a campainha que agora toca,
traga a mim uma promessa, nova fantasia
rastejando sua mentira até a minha porta.

Enfim pode ser também que o dia se acabe
e com ele leve toda essa enorme algaravia,
numa só nuvem negra de solidão e saudade.

(Jorge Ferreira)

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