Vou contar-lhes, brevemente, um caso de estupro seguido de morte, ocorrido aqui no prédio, no mês passado, que apavorou os moradores e virou notícia em alguns jornais populares do Grande Rio.
A vítima era uma moça de seus vinte e cinco anos que trabalhava, ao que parece, numa firma de advocacia. Eu a vi algumas vezes, no elevador. Não a achava bonita, propriamente, por causa dos olhos, que eram vesgos. Possuía, contudo, um belo corpo.
Naturalmente, o crime foi o assunto do mês aqui no prédio. Quase todas as conversas de elevador, nos corredores, na portaria, convergiam para o mesmo tema. Assim, os detalhes sórdidos do episódio, com distorções próprias a esse tipo de comunicação, chegaram ao conhecimento público. Minha fonte principal era um dos zeladores, rubro-negro como eu, que de vez em quando eu encontrava no boteco da esquina.
Pelo que apurei, o assassino foi um vizinho do mesmo andar, um homem de quarenta anos, casado, três filhos, sogra, o escambal. Um tipo grosseirão, gordo, peludo, beberrão; era mestre de obras e estava desempregado. A mulher sustentava a casa trabalhando como empregada doméstica para uma família da zona sul.
O prédio onde moro, no Bairro de Fátima, é ocupado por gente assim, de classe C e D, trabalhadores e jovens começando a vida. A vítima fazia a parte do último grupo. Estudava direito na Estácio e, como já disse, estagiava numa empresa.
Fátima, era o nome da garota, uma lourinha de um metro e sessenta e fartos seios. Costumava usar vestidos decotados e perfumes fortes. O assassino arrombou-lhe a porta do apartamento, num sábado à noite, destroçou-lhe o rosto delicado e violentou-a durante horas.
Ela morreu a caminho do hospital, com traumatismo craniano causado pelos socos do assassino. Coisa horrível.
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