Segue um poema do Diamantino. É um poema sombrio, estranho.
TRIPANÓSSOMOS.
Por favor, alguém me mostre
Três metros e meio de humano intestino
A garota no vaso e o coração de um menino
Emudecem como insignificantes lamentos
Tecnoultraworldpostmortemdemocraticos
Com uma só gota de colírio barato
E o sanguinolento murmurar de seus cabelos
Ver que um dia liquefaz-se pelas lentes cenozóicas
Na habitual desesperança de outras lentes pós-modernas.
Pôr do sol como arquetípica imagem
Beleza que se esvai num atropelamento
Deliciosos acontecimentos de telejornais
Outdoors e Dvds de uma noite sem sentido
Poemas que não rimam com nada,
Pernas cruzadas e braços abertos
Ensandecidas posturas de mármores quebrados
Um mundo que despreza adjetivos
E traduz-se no olhar sincero do mendigo
Em sintonia com a repulsa da beldade.
Que não haja nem mais um segundo
Se é preciso a arquitetura do soneto.
(Antonio Diamantino Neto)
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4 comentários:
tripa nós somos!...que se enxergue!
elogio de amigo parece rasgação de seda? seda que se rasgue!!
Falou, Jorge.
grato por me apresentar esse grande poeta. grato.
abraço de arruda.
de nada, Arruda. O Diamantino publica ainda no blog do Jorge Ferreira, com link no meu blog.
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