
Tenho tanta fome. Observo o sangue formando poças na sala. O cão arfa, esgotado pelo esforço. Olho os corpos e tento imaginar que são dois animais mortos, suas carnes frescas esperando a consumação final.
No alto do prédio, há um terraço. Posso fazer o churrasco lá. Escuto tiros na rua. O mundo se afunda na guerra. Se eu não o fizer, outros hão de fazê-lo. Morrerei de fome por causa dum princípio pré-apocalipse?
Foda-se, hoje vou jantar de qualquer maneira. Eu e o cão. Faço uma carícia em sua cabeça. Ele me olha agradecido por ter optado pela solução mais racional.
(pintura: Francis Bacon)
Nenhum comentário:
Postar um comentário