Raridade no Hell Bar Sebo

Pois é, meus amigos. Estou inaugurando um Sebo Bar na Cinelândia, poucos metros da Lapa, onde venderei raridades como essa aí ao lado.

O Rio é o lugar com mais sebos por metro quadrado. Já comprei um livro de contos do Kafka por 1 real. Aliás, vocês não acreditariam nas pérolas que encontrei por aí por preços insignificantes:







- Contraponto, de Aldus Houxley - R$ 1,00.
- As aventuras de Mr.Pickwick, de Charles Dickens - (escambo por um best seller inominável que ganhei de presente)
- Dentro da noite veloz, Ferreira Gullar - uns R$ 2 ou R$ 3.

E muitos outros que não me lembro.

Quando estive em Salvador, conversando com o Jorge Ferreira e o João Filho, dois poetas sanguibão que compartilhavam o perrengue num apartamento emprestado do centro, eu ouvi suas histórias sobre a falta de sebos, livrarias e bibliotecas na capital baiana. Então, mais uma vez tive um puta orgulho de minha cidade, o velho Rio, com seus milhares de sebos e centenas de bibliotecas. Pena que a maioria se concentra nos bairros próximos ao centro e zona sul. Periferia é periferia, como diz o Mano Brow.

No entanto, às vezes desconfio que os sebistas e livreiros são obrigados a vender tão barato simplesmente porque não há tantos leitores. Bom pra caras como eu, que conhecem o que é bom.

Tenho lido muita coisa nesses anos todos. Poucas são tão vibrantes e divertidas e despretensiosamente profundas e atuais como os contos e poemas do velho bêbado. Aliás, a imagem de bêbado dele foi sua maior defesa contra o sistema. Buk viveu tempos duros, a CIA e o FBI cercando e matando uma porrada de artistas considerados "revolucionários". Posando de bêbado, Buk conseguiu atravessar ileso um período bem perigoso. A prova disso está aqui, onde se revela os arquivos do FBI sobre o escritor, na época em que ele escrevia para o jornal hippie Open City.

É preciso não esquecer também que ele viveu uma época em que o uso de drogas, leves ou pesadas, atingiu um nível tão alto entre jovens e artistas que um sujeito que apenas bebia era coisa rara. A própria longevidade do Buk, que morreu com quase 80 anos, já é uma prova de que a bebida não faz tão mal assim, sobretudo quando é usada por um espírito criativo.

Engraçado é ver que o Buk, pelo seu jeito escrachado e irreverente, acabou virando o ídolo de toda galera esquerdista, maconheira, porra-louca dos Estados Unidos. E acabou tirando sarro de todo mundo em seus livros, apesar de que seu ódio principal era mesmo pelos caretas, velhos ensebados, reacionários hipócritas. No mesmo conto em que desanca o estilo hippie, por exemplo, ele volta suas baterias para as velhas que criticam os "excessos da juventude".






quem não ouviu ainda essas velhas que vivem dizendo: "oh, acho simplesmente ATROZ o que essa juventude anda fazendo por aí, com todas essas drogas e sei lá Mais o quê! que coisa horrível!" e aí a gente olha pra ela: sem olhos, sem dentes, sem cérebro, sem alma, sem bunda, sem boca, sem cor, sem ânimo, sem humor, sem nada, apenas um sarrafo ambulante, e a gente fica pensando o que o chá com bolinhos, a igreja e a bonita casa de esquina fizeram por ELA. E os velhos às vezes ficam bem agressivos com o que uma parte da juventude anda fazendo - "que diabo, trabalhei DURO a vida inteira!" (eles acham que isso constitui uma virtude, quando a única coisa que prova é que o sujeito não passa de um perfeito idiota) "esse pessoal quer ganhar tudo sem fazer NADA! passando o tempo todo sentado pelos cantos, estragando o corpo com drogas, esperando viver às custas da riqueza da terra!"

aí a gente olha pra ELE:
que dúvida.
está só com inveja. foi tapeado. perdeu os melhores anos se fodendo todo por aí. o que gostaria, mesmo, era de cair na gandaia. se pudesse recomeçar a vida. só que não pode. por isso agora quer que os outros sofram como ele sofreu.


O velho Buk sabia muito bem de que lado estava. Hoje fiquei lendo alguns textos do Buk na internet, nesse link aqui (com traduções) e nesse outro aqui. Especialmente essa entrevista aqui (em inglês), feita pelo ator e poeta (!) Sean Penn. Essa outra, publicada na revista Rolling Stones, também é legal. Quanto à biografia acima e a história do Sebo Bar, foi mais uma Pegadinha Hellbariana. Mas quem sabe um dia?

11 comentários:

Anônimo disse...

bah, nunca li tanta porcaria... eu odeio bukoswki. ele era um farsante...

Miguel do Rosário disse...

yes! ele era um farsante! eu também. e provavelmente você, cara :)

Anônimo disse...

Falou, falou, disse e disse, mas não deu o endereço do sebobar.
Um abraço

Anônimo disse...

ops, fernando, voce perdeu o bonde. o sebo bar é uma pegadinha!

Anônimo disse...

OK, Miguel, você venceu. PS: é nisso que dá não concluir a leitura (Simpson, Fernando Homer Simpson)

Anônimo disse...

há meses que acompanho seu blog. acho simplesmente isso, entenda se entender:

a2+i8=gomez
y6/j8=1=00y
vinte mi corazções
sanguinolentos

Anônimo disse...

vou te falar uma coisa. voces poetas são todos uns boçais pseudo-esquerdistas. eu quero é morte! voce tem que ser que nem o terron, tem que ser mau e cínico. tem que ser que nem o galera, que nem o marçal. tem que ser filho-da-puta. o que vale é a vontade. não medinho onanista de paulista classé horrorífica e tranquila. beijos (que sabe um dia?)

Anônimo disse...

pois é, eu ali disponivel. nua e gostosa, precisando... há mais de oito meses que náo faço sexo. bem que voce podia relaxar. vamos... vai... tá tudo relax. entramos na internet, vai...

Anônimo disse...

Miguel, valeu pelo link.
gostei do seu texto. Pena que o sebo é pegadinha (eu li até o final!)
Também adoro Bukowski, mas ainda falta conhecer mta coisa.

Anônimo disse...

Sou cafetão. Estou abrindo vagas no meu harém. Mulher do direitão, mande book. Direitão, fale de suas (dela) preferências.

Anônimo disse...

anonymous, gostei da sua proposta, mande-me seu endereço...

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