Mais uma aventura na Lapa


Estou cá lendo o último livro do Marçal, Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios, e acabei lembrando de uma boa história para esse blog. Tenho notado que os leitores sempre gostam das crônicas, sobretudo quando as histórias tem um lado tragicômico. Aconteceu na quinta-feira passada, na Lapa.

Estávamos rodando os bares da Riachuelo e chegamos à Sinuca, último botequim aberto àquela hora. Na esquina da Riachuelo com a Lavradio, vimos um conhecido num debate animado com um policial, os dois em pé. Aproximei-me e disse ao policial que o cara era gente fina. Por um momento, havia pensado que o cara estava se explicando por alguma merda que tivesse feito.

O policial disse que estavam tendo um papo filosófico e seguimos tranquilos, levemente surpreendidos com o ineditismo: um pm com cérebro.

Ledo engano.

Dentro da sinuca, algumas cervejas depois, senti uma avassaladora vontade de tossir. Todos começaram a tossir. Saíram todos da sinuca, tossindo e lacrimejando.

Lá fora, o mesmo policial, risinho escroto no canto da boca.

Duas garotas estavam agachadas, com as mãos no rosto, chorando.

E um conhecido nosso vociferando contra o policial.

Fiquei assistindo a cena e senti vontade de fazer alguma coisa. Tensão no ar.

Dei um passos na direção do policial, sei lá o que me passou pela cabeça. Levei um jato de pimenta na cara. Por sorte, fechei bem os olhos e segurei a respiração. Não teve efeito em mim.

O cara continuava gritando para o policial.

- PORRA SEU COVARDE, OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ! JOGOU PIMENTA EM DUAS GAROTAS! DUAS GAROTAS!

Ele estava discursando, e o policial calado. Achei que aquilo não ia dar certo. Peguei o cara e fui tirando ele dali. Na verdade, eu ainda não sabia que o policial tinha feito aquela barbaridade com as garotas. Pensei que o cara estava se excedendo.

Fui empurrando ele à força até a esquina. Só que eu tava tão bêbado que esqueci por um momento porque estava fazendo aquilo e, dado a situação (estava segurando o cara), tentei lutar judô com ele. Depois, me lembrei do policial e usando uma psicologia barata de botequim, mandei:

- DESCARREGA EM MIM. BRIGA COMIGO!

O cara conseguiu se livrar de mim e voltou para onde estava o policial. Continuou vociferando. Eu fui embora com meus amigos, que alegaram a falta de vínculos nossos com aquele história toda.

No dia seguinte, acordei com ressaca e desmemoriado. Sentei diante do computador para trabalhar (pego no batente antes de tomar o café da manhã). Quando recebo mensagem MSN de um amigo meu, dizendo que tinha sido preso na véspera, naquela confusão.

Então fiquei sabendo do final da história: o policial autuou as duas garotas, o amigo vociferador e esse amigo meu, que não sei como entrou na história. Entraram no camburão e foram fichados na delegacia, onde o policial conseguiu impor uma versão completamente diferente da história.

Meu amigo disse que ainda vou ter que depor como testemunha...

Um comentário:

Anônimo disse...

é, foi foda...

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