Elefantes, moleques e travestis


eis que morrem
os elefantes da Índia
enquanto as moscas
azuis e fedorentas
do Brasil
continuam vivas
eis que a natureza
vomita seus venenos
sobre Nova Orleans
e acaricia
a cabeça dos demônios
da garoa
eis que os poemas
ficaram frios, e maus,
moleques de ginásio
a zombar do menino
que chora a morte do pai
solidões labirínticas
mascando chicletes de LSD
chegam gingando
à Riachuelo,
esquina com a Lavradio
e beijam com nojo
os travestis

2 comentários:

Anônimo disse...

Um poema com a típica tem,atica e grande velocidade na confluencia de imagens que irão situar o leitor no universo de nossa cruel contemporãneidade. As imagens surgem aparentemente do nada, mas compoem uma realidade em que o autor coloca, numa simbiose criativa, muitos fatos do cotidiano que passam desapercebidos de muitos, mas não do poeta e acabam por se entrelaçar
e sua intenção é concreta.

Miguel do Rosário disse...

Valeu Diamantino, sempre com palavras bonitas. Assim dá gosto publicar poesia na internet. Tb estou com saudades de seus poemas. mande-me alguns.

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