Saia vermelha
Com pé torcido, eu
A olhava, sorrindo
do acidente da véspera.
O céu não estava azul
E a gente não ia à praia
Então ela achou a saia vermelha
Eu achei um cd de blues
Dançando, ela se lançava
Num mundo de glória e sonhos,
A estreita sala do conjugado
Virou um grande salão em Holliwood,
Iluminado pela luz
Azul e verde da luminária de pano.
***
Reflexões póeticas para o fim da guerra
Desistir? Nunca.
Ou melhor, sempre.
Só os inteligentes desistem,
Voltam atrás,
E seguem por outra senda,
No entanto, não páram de caminhar.
Desistir? Depende.
Às vezes, é melhor parar
De bater a testa no concreto
E estudar a situação.
O tempo não é sempre inimigo,
E não se deve pensar a paz
de olho no relógio.
Desistir? Nunca.
O próprio andar é o destino,
A vida,
Com seu ir e vir, tropeços
E espera ingênua
Do dia negro da guerra,
Quando se acabam as dúvidas
E todos desistem de si mesmo
Para lutar por Deus ou liberdade.
Ah! A liberdade,
Dama cínica
Que se alimenta da desistência
Do homem, e do cansaço
De Deus.
Você não,
Você não desiste nunca,
De enganar os homens
Com seus mistérios metafísicos,
E jogos de palavra.
Liberdade, és petróleo ou água?
Sangue ou vinho?
És bêbada? Sóbria?
Diga quem és! De verdade!
Para que os homens parem
De se mutilar e torturar
Em seu nome.
Ou então, deixe-nos em paz,
Não mais nos empurre
Na direção do abismo
Da dor e violência.
Guerrilheiro, poeta, mercenário,
Desista sem culpa,
Mude o canal de TV,
Desarme a bomba,
Cultive lembranças
Se preferir, sonhe o futuro.
Ah, quanta vida se perde
Em metas estúpidas,
E utopias senis!
Desistir é o melhor caminho,
Pensar sem pressa,
Parar na beira da estrada
E contemplar o horizonte
Onde o sol é um olho de fogo
Que devassa as trevas d’alma.
Desista de ser escravo
De sua própria loucura,
E sonhe.
Viva.
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4 comentários:
Alô Miguel!
Jorge Ferreira falando! Olha só cara, estou com um blog recém criado para desengavetar as minhas coisas e de alguns amigos...por enquanto só há lá uma pequena aprensentação e um soneto meu já publicado pelo João Filho em seu blog. Em breve...mais novidades. Dá uma olhada e opine: rasgamortalha.blogspot.com/
Um abraço,
Jorge Ferreira
Adorei o poema Saia Vermelha..
Aliás tudo que você escreve é de bom gosto
Helena Sthephanowitz
Oi. sou o Fabio, aquele queimou um conto seu achando que era um artigo.Faz um tempinho que eu não dava uma olhada em seu blog, mas sempre que vejo acho ótimo.
Falou
Valeu Fábio, não te preocupes mais com a história do conto, por favor. No fundo, você teve razão. Muita gente boa confundiu. Um site sério até publicou o conto como um artigo (e eu, maliciosamente, deixei que publicassem sem avisar - mas depois avisei). Hoje em dia, o conto vem acompanhado de um aviso. Abs
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