A balbúrdia das madrugadas boêmias

(na foto, o poeta e amigo Brasil Barreto)

Ontem tive a oportunidade de declamar poemas no palco alternativo do Circo Voador, no Festival Poesia Voa, organizado pelo poeta Tavinho Paes. Estavam lá, também declamando, os poetas Edu Planchez, Brasil Barreto, Guilherme Lessa, Sideral, a Priscila Miranda.

No palco principal, a surpresa foi o talento musical de Botika, rapaz de 22 anos que publicou, pela Azougue, o incrível romance "Autobiografia de Lucas Frizzo", que tocou violão e cantou, em conjunto com Ericson Pires, poeta multimídia e gente boníssima

Também no palco alternativo, o grande Mano Melo marcou presença. O escritor Dau Bastos apareceu para o abraço. Doei meu conhaque para os poetas e parti. Minha noite tinha começado cedo, com o Encontro Bagatelas, na livraria Dantes, no Cine Odeon.

O começo da noite: vodka, garrafas quebradas e poemas interrompidos
Devido ao péssimo atendimento no Odeon, o encontro Bagatelas foi transferido para um restaurante na Rua Alvaro Alvim, atrás do cinema, e mais tarde para o Bar Arco Íris, na Lapa, onde tomei um porre de vodka (por culpa do Julio Correia, que não estava bebendo e não aceitou a provocação que fizemos - então tivemos que tomar aquela vodka com coca-cola, e as outras três que eu pedi).

Já devidamente animado pelos espíritos russos que habitam a vodka, e entusiasmado com o Festival de Poesia rolando ali do lado, convoquei os comensais a escutarem um poema de minha autoria. Puxei do bolso os papéis e esbarrei numa garrafa vazia sobre a mesa, que caiu e quebrou. Um dos presentes tentou transformar o fato em motivo para que eu calasse minha voz e guardasse a viola no saco. Para provar que uma garrafa quebrada não pode matar a poesia, quebrei outra garrafa, de propósito, mas dessa vez causando uma certa comoção em mesas adjacentes, sobretudo numa onde estava um argentino muito abusado que disse uma grosseria.

Puxei uma cadeira com o intuito de destruí-lo (na verdade um blefe), e fui devidamente segurado por inúmeros braços pacifistas. Alguém declarou em alto e bom som, vamo-nos embora. Escutei pasmo uma salva de palmas ao redor, e o grito de Fica! Fica! A glória! Não tenho certeza, porém, se isso foi alucinação...

Uma senhora de uma mesa ao lado ergueu-se e veio me dar um beijo, pedindo-me delicadamente que ficasse. Em sua mesa, mais três pessoas me olhavam com carinho infinito, provalmente pensando: esses poetas são todos meio doentes, coitados... o que é a mais pura verdade (por pouco não uno meu destino a meu tio do post anterior...)
Enfim, conseguimos entradas para o Festival de Poesia, inclusive para a senhora carinhosa e amigos. E aí voltamos ao início desse post.

Enfim, foi uma noite felicíssima. Viva a poesia e a balbúrdia das madrugadas!!!

5 comentários:

Anônimo disse...

poesia dos retirantes, encashassados da noite premium

vivaldi

Julio Cesar Corrêa disse...

Para os poetas, vale a máxima: Toda loucura será perdoada. Que bom que sua noite terminou em glória. A do argentino deve ter minado pateticamente na mesa de um bar ao lado de ninguém.
gd ab

P.S. não bebo porque não sou poeta e quando fico bêbado, ao invés de poesia, só faço a noite terminar mais cedo.

Miguel do Rosário disse...

é verdade... nilovsky, o mercosul que se foda... se eu tivesse o talento do meu tio, no post anterior (que foi boxeador antes de surtar), talvez não pensasse 2 vezes. abraço.

Anônimo disse...

...aliás: você comandou (e bem) o palco paralelo. Na próxima edição, sem beber, você vai estar no comando. Promessa de poeta!!!

Miguel do Rosário disse...

opa, tavinho! primeiramente, que honra em tê-lo entre os leitores deste blog. segundo, cobrarei a promessa! não digo sem beber, que aí seria demais, mas sem vodka, que é bebida do capeta. abraço.

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