Morte sem nuvens (mini-conto poéticol)

Daí que o céu tinha um cor de chumbo, como eu dizia a mim mesmo, sentado à mesa do Loreninha. Ou violeta, sim, o céu muitas vezes ficava violeta, e a copa das árvores do outro lado da São Francisco Xavier contrastavam seu verde profundo, sombrio, severo, com aqueles tons roxos ou plúmbeos dos céus de Vila Isabel. Eu me deixava levar pelos instintos, ali no bar, sozinho ou entre amigos. A gente se divertia. O Maurício chegava com o violão e cantávamos canções famosas e algumas inéditas, que eu e ele havíamos escrito durante aquele Carnaval em Friburgo, em 1993, antes de ingressarmos na universidade. Inesquecível carnaval... a gente escreveu umas dez ou doze canções, inspirados pela vodka e pela vista da montanha de pedra que havia do outro lado do rio, e que possuía, no cimo, uma cruz. Daí o nome: montanha da cruz.

Nenhum comentário:

Seguidores

 
BlogBlogs.Com.Br