(Nilton Pinho)
"Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados
O esplendor do sentido nenhum da vida...
Toquem num arraial a marcha fúnebre minha!
Quero cessar sem conseqüências...
Quero ir para a morte como para uma festa ao crepúsculo." Fernando Pessoa
Não tenho saudades de nada. Desconsiderando a dor no braço, está tudo bem. Guimarães Rosa tirava lições de vida contemplando o São Francisco. Tento fazer o mesmo observando o ventilador portátil. Toda crítica é política. Estética virou ética, ética virou estética, nos martelava o professor de teoria da comunicação. Contra o que eu me insurgia, com a violência característica de um jovem de ressaca pela manhã. Muitas vezes me calei, acumulei ódios e guerras no armário do quarto.
Se eu perdesse a voz? Voz incômoda que nem parece minha. Há tempos me cansei de espelhos. A imagem que tenho de mim mesmo sempre foi mais interessante. Aprendi a errar, a usar o erro em benefício próprio. Criei uma seita de errados e vagabundos. Só botequins me deixam à vontade para pensar e conversar. Sou hipocritamente tolerante com a opinião alheia. Prefiro ficar só, bebendo minha cerveja. Ou na companhia de caras tão malucos que ninguém se importa com o que eles pensam.
Um comentário:
Legal, miguel, gosto quando voce faz prosa poética...
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