Preconceito burro das salas de cinema
Ontem fui assistir ao filme "Um herói de nosso tempo", de Radu Mihaileanu. O título original é "Va, vis et deviens", que literalmente significa "Vá, viva e transforme-se". Ao término do filme, estava paralisado, sem coragem de fazer qualquer movimento, com receio de ter um acesso de choro. Tudo bem, sou meio chorão em filme mesmo, mas esse aí é o dramalhão mais triste que já assisti na vida. Mas é bom. É de um humanismo corajoso, verdadeiro, tocante. Fala da história dos judeus negros etíopes, que foram levados, na década de 80, para Israel. A viagem da comunidade de 8 mil judeus à Israel era secreta, com medo de retaliações das diversas nações árabes inimigas da região. Eles vão a pé até o Sudão, onde ficam em campos de refugiados. Metade deles morre de doença, fome, sede e crimes horrendos cometidos por outras etnias.
Em dado momento, o acampamento onde os judeus etíopes esperam a chegada do transporte que os levarão aos aviões, para chegar em Israel, recebe refugiados de várias partes da África.
O personsagem principal do filme, é o filho de uma mãe etíope não judia. Uma das negras judias havia perdido o filho e aceita levar o garoto como se fosse seu. O garoto é instruído a mentir às autoridades israelenses, dizendo ser judeu e inventando nomes judeus para si e seus parentes.
Bem, a história prossegue com uma trama muito bem construída. Ao final da exibição, o diretor participou de um debate com o público. O responsável pela distribuição do filme no Brasil, Ugo Sorrentino, também falou.
Sorrentino falou da dificuldade de trazer filmes estrangeiros não-americanos para o Brasil. As salas multiplex, por exemplo, só aceitam exibir filmes norte-americanos. Sorrentino informou ter recebido diversos nãos com a justificativa de que o filme não era falado em inglês.
Isso é de uma estupidez e de uma ignorância tão crassa que quase me deixou gago. Mas é a dura realidade do cinema brasileiro. Sorrentino explicou que as salas de cinema no país estão sendo dominadas por multinacionais americanas, cuja filosofia é essa: só passar filmes americanos, com um filme brasileiro de vez em quando e muito brevemente. Com a palavra: o governo e os cineastas. O que vocês vão fazer sobre isso.
Em tempo: Radu Mihaileanu também dirigiu o filme Trem da Vida, que se passa na II Guerra e também foi exibido recentamente no cinema do Consulado Francês no Rio. É muito bom e engraçado.
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2 comentários:
A realidade é essa, meu amigo
Estamos vendendo o nosso crescer intelectual, por tão pouco que chega me dar ânsia de vômito!
O lucro, sede e fome por lucro, e cada vez mais e mais lucro tomando lugar no cantinho ambicioso do coração de brasileiros da elite dominante, é que está causando essa venda por uma bagatela do nosso desenvolvimento.
Estamos recebendo e ganhando para continuar no Terceiro Mundo, como país pobre e corrupto.
Mas será que vale a pena sacrificar toda uma nação em benefício dos poucos que põem a mão nesse maldito "lucro".
As favelas estão tomadas pelo exército, com balas "perdidas" sendo achadas em corpos inocentes todos os dias; o governo deliciando-se com a ignorância e falta de ânimo político do "povão" que, cultivado durante todos esses anos de ditadura explícita e disfarçada, hoje dá aos diabólicos semeadores o seu fruto: reeleição daqueles claramente sem moral e incapazes de conhecer o verdadeiro sentido da ética.
obrigado pela manifestação, keller.
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