Mais um poema

Achei um poema do ano passado. Vai lá.


o sol também se embriaga

ele colecionava estrelas
e bocetinhas de plástico
como um dinossauro
arrotava à noite
delirante e brutal como o vento
que matou cento e trinta mil pessoas
em El Salvador

Certo, é um astro que brilha
fulgurante incêndio de luxúria
durante algumas horas
e sangra e morre na escuridão

mas o astro está cansado hoje
não foi trabalhar. saiu de casa
às onze da manhã e às cinco
estava tão bêbado
que esqueceu-se onde morava
dormiu na rua

e o mundo ficou sem luz por três dias

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