crises políticas

as guerras começam assim
devagar, em golfadas
de amor não correspondido
em crises políticas
em crises de ciúmes
em crises de fome

as guerras são filhas
da História, que venderam
seus corpos
em troca de jóias, poder e lingeries

as elites adoram guerras
apesar de sempre fugirem à linha de frente
o povo não quer a guerra, nunca,
mas quando ela vem,
vinte mil anos de barbárie
vêm à tôna

as elites pensam que podem
derrubar governantes
e depois ir ao teatro
rir das peças idiotas do Miguel Falabella

as elites começam as guerras
mas nunca sabem como terminá-las
não conhecem as agruras do povo
não compreendem que os pobres
não querem apenas desenvolvimento econômico,
e sim um pouco de ajuda direta pra sair da merda

assim começa a guerra
com a elite gritando nos jornais
gritando nas revistas, na tv
sempre longe das favelas
das periferias, dos acampamentos
onde ainda ecoam clamores revolucionários

o povo, porém, não é tão burro quanto eles pensam
ele tem coração, intuição
e já está planejando o contra-golpe
ao ataque traiçoeiro que percebe
nos porões das notícias

o povo, claro, somos eu e você,
e estamos aqui, entre a porta e a rua,
esperando a hora de agir
de exigir respeito à democracia e à verdade

o trabalhador é simples, confuso às vezes,
mas firme em sua fome de justiça
não tirem a esperança do povo
porque, enquanto a classe média se afunda
num sofá velho e confortável
murmurando palavras de desencanto
o povo dança uma dança estranha
entre a euforia
e o ódio

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