Livraria virtual

(Francis Bacon)

Só para lembrar a vocês que está aqui o link para a Hell Bar Livraria Virtual, com livros em PDF gratuitos para você curtir.

As obras de Nilton


Nilton Pinho é o cara mais divertido que conheço. Além de ser mestre em artes na universidade-davidadailhadogovernador, é especialista em trocadilhos. Bonecas, cabides, calcinhas, pedaços de madeira, páginas de revistas antigas, tudo é transformado em arte. Na minha opinião, Nilton conseguiu superar a arte conceitual: deu um passo adiante. Sua arte é e não é conceitual, porque atinge o inconsciente, os instintos, a intuição, e também solicita a reflexão. Mas tudo isso é papo furado, o negócio é você conhecer o ateliê do cara, na rua do Riachuelo, Lapa.

Ah, e a grande novidade. Consegui convencer Nilton a fazer um blog. Na realidade, eu é que tô fazendo, mas o blog é dele. Confira aqui. Sejam condescendentes. Ainda tá no início.

Coluna no Bagatelas

Acabo de estrear uma coluna semanal no Bagatelas. Estarei atualizando toda terça-feira A coluna se chama Hell Bar. Dá uma passada lá e deixa seu comentário.

A crise editorial no Brasil

(Carlos Vergara)



Saiu hoje no Prosa & Verso, caderno do Globo dedicado à literatura, mais uma reportagem sobre a crise do mercado de livros no Brasil. O tema me interessa muito, por motivos óbvios e gostaria de discuti-lo um pouco com vocês.

A conclusão da reportagem, embasada nas entrevistas com editores e livreiros, e no estudo feito pelos pesquisadores Fábio Sá Earp e George Kornis, é de que o livro no Brasil é mais caro do que deveria ser.

Há uma tabela interessante publicada no jornal, com o índice de preço relativo do livro. O Japão é o país que vende livro ao preço mais acessível ao público, em proporção, é claro a sua invejável renda per capita de 32,23 mil dólares/ano. Ou seja, o japonês ganha em média cerca de 5,77 mil reais por mês. O Japão, por esta razão, foi usado como parâmetro, com índice 1. Outros países que se destacam pela acessibilidade do livro são os EUA, com índice de 1,8; Canadá, 1,7 e Suíça, 1,6.

A renda per capita no Brasil é de 4,4 mil dólares/ano, ou 788,33 reais por mês, e o índice de preço relativo do livro é 2,7.

Analisando bem a tabela, vemos que o índice do Brasil é similar ao da Itália (2,7), Bélgica (2,8). É menor que o mexicano (5,5!), Rússia (3,6) e Argentina (3,3).

O índice do Brasil, porém, observam os próprios autores da pesquisa, em artigo publicado na edição do Prosa & Verso, é distorcido pelo fato de incluir a distribuição gratuita de livros para estudantes da rede pública de ensino. O governo federal brasileiro tem o maior programa de compras de livro do mundo, diz o documento, que está disponível aqui.

Dentre os depoimentos de livreiros e editores, encontra-se muito desânimo e pouca criatividade. O único ponto que achei interessante é a sugestão da isenção de IPTU para livrarias.

Poucas soluções são aventadas na reportagem. Os autores sugerem destinar verbas às compras de bibliotecas públicas. Mas tal idéia não me parece muito genial. Claro que é importante, mas não creio que vá causar impacto nas vendas ou nas tiragens dos livros. Ademais, o governo já vem fazendo isso.

O livro ganhou concorrentes fortes na briga pelo consumidor brasileiro: celular, computadores, provedores de internet, dvd. As classes B e C têm hoje outras prioridades que não a aquisição de livros, sobretudo de literatura contemporânea, mais caros e com distribuição precária.

Eu, particularmente, não acredito que a intervenção do Estado vá ajudar em alguma coisa. A literatura pertence à esfera do individual, o ato de ler é individual, a literatura é a arte mais subjetiva de todas e ao Estado cabe apenas produzir políticas de fomento à economia do país, coisa que já vem acontecendo. O governo já vem fazendo seu papel: geração de emprego, geração de emprego, geração de emprego. Estou seguro de que, com mais dinheiro no bolso, mais livros serão vendidos no país.

Para mim, a indústria editorial no Brasil precisa ter paciência e resistência: saber esperar o processo de amadurecimento da economia nacional e ter planejamento econômico criativo para se manter de pé. Não compreendo como alguém ainda espera soluções mágicas do governo. Só serve para se somar ao exército de frustrados e irritadinhos que assolam nosso zoológico político.

A criação de bolsas literárias anuais, uma das medidas defendidas pelo Movimento Literatura Urgente, não me parece também uma grande solução. O movimento pede 20 bolsas anuais. Poxa, 20? Temos mais de dez mil escritores no país: de que vão adiantar 20 bolsas senão para produzir inveja nos 19.980 que ficarão de fora?

Respeito muito a luta do Ademir Assunção pela inclusão da criação literária nos projetos do Ministério da Cultura, mas tenho receio de que isso se transforme mais em motivo para criação de atritos entre a classe, governo e imprensa do que qualquer outra coisa. Repito: no caso da literatura, não creio em soluções que venham do governo, seja tucano, petista ou pemedebista. Por outro lado, é evidente que repudio aquela grosseria insípida da revista Veja, que desqualificou o Movimento através de calúnias e insinuações nojentas.

Há um fator que acentuou muito a crise nos últimos anos, e que se refletiu nos números: o empobrecimento da classe média. O povão veio ganhando espaço na economia, deslocando a classe média, tradicional consumidora de literatura. Também acho um processo inevitável, e até saudável. A crise do mercado editorial, portanto, comporta também um erro de estratégia das editoras: negligenciaram as classes populares como mercado consumidor. Engana-se quem acha que pobre é tudo burro e não lê. Machado de Assis, Lima Barreto, Jorge Amado, eram todos da Classe C, para ficar nos antigos. Até hoje, uma parcela boa dos escritores e artistas também veio e pertence às classes populares. É preciso ir barateando o livro sim, e construindo sistemas de marketing, distribuição e produção mais compatíveis com a nova cara que o Brasil vem assumindo, um país de gente humilde, mas ambiciosa, batalhadora e criativa.

Celso Furtado tinha uma frase lapidar que dizia algo como "os homens podem sim mudar a história, mas somente em face circunstâncias que a história lhe apresenta". É uma frase lógica. Acho que editores, livreiros, governos e escritores precisam inventar soluções criativas para fomentar a criação literária, a circulação de idéias, a venda de livros, sem atitutes arrogantes uns com os outros. Acredito, por exemplo, que a livraria Saraiva, a Travessa, entre outras grandes, poderia fazer muito mais pelos escritores que qualquer governo. Até porque tudo que um governo fizesse estaria ligado, inevitavelmente, no clima tenso, autoritário e negativo que cercam os conflitos políticos. As livrarias, como legítimos agentes do setor, poderiam fazer promoções inteligentes de literatura contemporânea, através de projetos especiais. Para isso, contariam com a simpatia de toda sociedade, escritores, familiares e amigos dos escritores, editoras, imprensa, empresas e governos.

No caso dos escritores, acho que é muito saudável que participem deste debate. Não faz mal nenhum, mas também não é fundamental. O trabalho do poeta está ligado somente à poesia, não ao mercado. O mais importante é continuarem acreditando em seu sonho, não se deixando desanimar com a frieza das editoras e livrarias e buscando o aperfeiçoamento constante desta técnica mágica, milenar, que consiste em transformar palavras em histórias, histórias em poesia.

Botika mostra a cara

Há uns posts atrás, escrevi uma resenha sobre Botika, escritor carioca, lançado pela Azougue com o impetuoso romance "Uma autobiografia de Lucas Frizzo". Ganhei o livro do Sergio Cohn, editor da Azougue, e fiquei realmente muito impressionando com o fôlego do rapaz. De lá pra cá, topei com o Botika em algumas ocasiões - uma vez no Circo Voador, durante o Festival de Poesia organizado pelo Tavinho Paes; outra no desfile da Daspu, na praça Tiradentes, que teve show do Apax, banda liderada pelo Ericson Pires, que é amigo do cara. Combinamos uma entrevista por email, que ele tardou em responder. Mas não falhou.

Leia aqui a entrevista.

Interiores


Eu sou aquele cara de camisa amarela olhando pra trás. Não me perguntem o que eu estava olhando que realmente não faço a mínima idéia... Para quem não conhece as famosas figuras da foto acima, eu digo: a partir da esquerda, Marcelino Freire, Julio Cesar Correia, eu e o Marquinhos, dono da Mercearia São Pedro, o cenário da foto, tirada na noite do lançamento da revista Bagatelas em Sampa.

Arte & Política entrevista Rodrigo De Haro


Com a colaboração do amigo Silvio Barros, publicamos uma entrevista exclusiva com o poeta Rodrigo De Haro. Confira lá no Arte & Política.

Um poema de diamantino

(rauschenberg)


Tarde

Em carretéis de sois nordestinos
Do meu canino em teu mamilo vibra
O recital de um labirinto finito.

E mastigo o carinho essencial
E esqueço por ande andávamos descalços.
Pelos Paralelepípedos, cascalhos,
Com a nossa concha de moluscos.

Sorriamos um beijar sem precedentes.
Desbravadores das lajes frias,
Molestadores literários sujos,
Inominados e sem prefácio definido.

É bom lembrar de certo cheiro
De guria assustada
E o reverberar dos seus anseios
Com o desprezo e a dedicação
De quem bebe o gole das últimas
Águas ardentes.

No verão de toda a brasa decomposta
As fumaças são sugadas.
E rejubilo embriagado
Recriando a improvável textura
Daquela saia azul cinza.

(Antonio Diamantino Neto)

Novidades


Fui ao lançamento do livro Evolução do Cinema Brasileiro no Século XX, dos autores Ricardo Wahrendorff Caldas e Tania Montoro. Entrevistei-os para este blog. Caldas lembrou que o único momento em que o Brasil teve empresas privadas com capital próprio para investir em produção de cinema foi na década de 30. A crash da bolsa de Nova York e a depressão que se seguiu levou as produtoras americanas a privilegiar somente o mercado doméstico norte-americano.

As produtoras brasileiras aproveitaram a lacuna e se expandiram no mercado brasileiro. Basicamente, foram três produtoras independentes que se destacaram no país: Sinedia, Veracruz e Atlantida. O livro traz informações sobre o perfil das três produtoras.

O fim da depressão, e o período pujante da economia ianque no pós-guerra traz novamente as produtoras americanas para o Brasil, tomando o mercado conquistado pelas concorrentes nacionais, que não tinham cacife para competir. Ainda mais se considerarmos que as produtoras americanas, nos anos 50, auge da guerra fria, obtinham subsídios bilionários do governo americano.

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Segundo Caldas, no Brasil, o grande rival do cinema é a televisão. O auge das salas de cinema ocorre em 1975, quando chegam a 3.276 em todo país. Em seguida, vão caindo, caindo, até chegar ao fundo do poço em 1997, com apenas 1.075 salas. De lá pra cá, tem havido uma recuperação gradual, chegando a 1.997 salas em 2004.

A tv teria sido a culpada, analisa o autor. Afinal, o custo de se ver um filme pela TV é infinitamente menor que vê-lo no cinema. Considerando que o preço do ingresso tem aumentado sistematicamente nos últimos dez anos, a TV continua ampliando sua vantagem competitiva sobre o cinema.

Tania Montoro, também autora, observa que o cinema contemporâneo vai beber fartamente na linguagem televisiva, aproximando-o do espectador brasileiro, hoje predominantemente telespectador.

Caldas observa que seria fundamental para que o cinema brasileiro desse um passo adiante que houvesse uma parceria maior entre os canais de TV e as produtoras de cinema. Ele tem uma sugestão. O governo poderia conceder renúncia fiscal aos canais de TV que investissem na produção de filmes. Em contrapartida, o governo, ou o Congresso, poderiam criar algumas regras que exigissem dos canais uma programação constante voltada ao cinema nacional.

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O livro Contos para Ler no Botequim agora está disponível também na Mercearia São Pedro. O dono, Marquinhos, gostou dos livros e comprou alguns exemplares para revenda no local. Basta ir lá e pedir o seu. Em março ou abril, devo estar lançando a segunda edição, com contos novos. Devo fazer um lançamento na Mercearia. Aviso por aqui.

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Um livro que gostei excessivamente foi o Antologia Bêbada, que ganhei do Marquinhos, sócio da Mercearia São Pedro. Os contos do Reinaldo Moraes, do Bortolotto e do Xico Sá são muito muito muito divertidos. O livro, primorosamente editado pelo Joca Terrón, é mesmo uma curtição.


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A Mara Coradello voltou a escrever em seu blog. Há poemas lindos por lá. O link dela está de volta ao lado.

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