Eu me lembro

Bons filmes nesta segunda semana de Festival. Cartola, de Lírio Ferreira, é um documentário fundamental para quem deseja compreender o que foi e o que é o samba carioca e, consequentemente, o que foi e o que é o Rio de Janeiro. Filme feito inteiramente, ou quase, com imagens de arquivo, umas antigas, outras mais recentes, com uso constante de pout-pourri (não sei se é assim que escreve...), ou seja, cenas rápidas extraídas de clássicos do cinema nacional, ilustrando as épocas. Notável ainda a persistência de Lírio, que levou oito anos para finalizar a película.

O filme de Lírio foi precedido pelo curta-metragem "O Som da Luz do Trovão", de Petrônio Lorena e Tiago Scorza, que também é muito interessante, feito com audácia e criatividade.

Por fim, "Eu me lembro", novo longa-metragem de Edgar Navarro, grande cineasta baiano, me comoveu. Navarro é conceituadíssimo entre especialistas e amantes do cinema nacional. Lindo, lembrou os antológicos romances que mesclam ficção e memórias, como Bukóswki, Miller, Fante, e mesmo o londrinense Márcio Américo, autor de Meninos de Kichute.

Assisti um documentário bem interessante sobre a vida e morte de um líder sindical do Pará, "Expedito: em busca de outros nortes". E outro fantástico sobre a vida dos três irmãos Souza. Betinho, Henfil e Chico Mário: "Irmãos de Sangue". O filme, também bancado pela Petrobrás, conta a história desses três irmãos que, cada um com seu talento, participaram ativamente da vida cultural e política do Brasil.

Vi também um filmaço de Visconti, no recém inaugurado Centro Cultural da Caixa Econômica, "Os deuses malditos".

Ontem, no Cine Palácio, foi exibido a cópia restaurada de "Como era gostoso meu francês", o clássico de Nelson Pereira dos Santos. É um filme muito bem feito, mas prefiro outros do Nelson, como Rio 40 Graus, Boca de Ouro, O Justiceiro, Vidas Secas, Memórias do Cárcere. O "Como era gostoso meu francês" é um elaborado filme de época, passado no Brasil colônia, nos tempos em que os franceses ocupavam a Ilha de Villegainhon (o nome certamente está escrito errado), no Rio de Janeiro, e aliavam-se aos tupiniquins para combater portugueses e tupinambás. História bem escrita. O único problema é o excesso de homens pelados. O tempo todo aquelas picas na nossa cara. Pequenas, médias, grandes. O cacique tem pau pequeno, o francês tem uma manjuba enorme. Isso achei sacanagem, anti-patriota da parte do Nelson, dar esse crédito ao estrangeiro. Caralho, chega de picas, socorro. Mudando de assunto, urgente.

Quer dizer, mudando de assunto nada. Acabou a crônica. Té mais.

PS: A festa de encerramento e entrega de prêmios é na quinta-feira 05.

Um comentário:

Anônimo disse...

miguel, a gente se encontra lá. quero conversar contigo. jorge

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