Variados assuntos

Imagino que os frequentadores deste blog são interessados em literatura. Caso contrário, não sei o que estão fazendo por aqui. Mesmo assim, são todos bem vindos. Sempre há tempo de aprender a viver. E nisso consiste, na minha opinião, o valor essencial da literatura: tornar a vida mais interessante. Viver mais intensamente.

Queria falar um pouco sobre bebida. Penso que, às vezes, alguém pode pensar que eu bebo demais. Que sou um bêbado decadente. Não é bem assim. Decadente eu sou mesmo. Bêbado também. Mas tem um porém. Na verdade sou bastante disciplinado. Como sei que, se sair, vou beber, e beber bem, então eu procuro sair o menos possível. Ou seja, sou um cara caseiro. Em casa não bebo. Tomo café, viajo na internet e leio livros. É uma obsessão esse negócio de livro. Quase um vício. Mas é melhor que crack ou cocaína. EU ACHO.

Ontem quase fiquei maluco andando pelos sebos nas adjacências da Praça Tiradentes. Comprei Café na Cama, do Marcos Rey, e Complexo do Portnoy, do Philip Roth, 3 reais cada um. Depois atravessei a rua e entrei num outro sebo. Não tinha mais dinheiro. Mas tinha o cartão. As estantes de literatura eram no segundo andar. Passei a vista e fui juntando o que me interessava: Um outro livro de contos do Philip Roth; um de contos de Arthur Clark, papa da ficção científica; e a Trilogia de Nova York, de Paul Auster.

Infelizmente, não tinha mais nada na conta. O cartão foi recusado. Voltei pra casa um pouco triste, mas tá tranquilo. Tem muita coisa aqui na estante pra ser lida. Terminei de ler esta semana um clássico da ficção científica, Fundation and Earth, de Isaac Asimov. É incrível como o cara conseguiu escrever uma história que se passa uns cinquenta mil anos no futuro. História muito bem construída, gostosa de ler. Faz você viajar pelo tempo, pelo espaço! Você esquece um presente que, à exceção das horas de forte intensidade existencial - como o horário eleitoral gratuito e o programa de venda de tapetes do canal 6 -, nos parece tão enfadonho.

Acho que sou melhor leitor que escritor. Por preguiça. É muito mais confortável ler do que escrever. Ainda mais literatura. Já li muito filosofia, história, política. Mas nos últimos anos só tenho saco pra literatura. Só curtição. Arrumei um trabalho tranquilo, que me dá bastante tempo livre, e pronto. Ser casado ajuda também. Quando era solteiro, perdia as noites correndo atrás de mulher. Tinha seu lado bom, é claro, mas organicamente era negativo, porque um homem solteiro na noite da Lapa não desenvolve hábitos saudáveis.

A blogosfera literária está melhorando. A primeira geração se aposentou. Talvez não aguentassem o tranco de hoje, a competitividade acirrada entre tanta gente talentosa. Os radicais, à direita e à esquerda, se radicalizaram ainda mais e se tornaram anacrônicos. Exemplo de novos blogs bons? Vejam o Marconi Leal, link ao lado. Acho que a internet ainda tem muito a oferecer à literatura no Brasil. Num país com extensão continental, estradas precárias, editoras pobres e custos de produção de livro elevados, a internet surge como uma excelente oportunidade para as pessoas acessarem a nova ficção tupinambá.

Claro que ler na tela do computador não é tão bom como ler um livro impresso. Mas as pessoas estão se acostumando também com isso. Esse negócio de Orkut, MSN, sites e blogs, fazem as pessoas ficarem tanto tempo diante do monitor, que os olhos acabam se adaptando.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu caro Miguel, compartilho contigo desse vício. Aliás, dos dois. Ou, como diria Machado, de ambos os dois. É pena que não inventaram ainda uma forma de ganhar dinheiro bebendo e lendo. Seria a única possibilidade de me tornar um milionário. Muito obrigado pela citação. Este humilde cronista agradece enormemente. Grade abraço!

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