Entrevista com Marcelo Mirisola (para o extinto Arte & Política)

Mirisola nasceu em 1966, em São Paulo. Publicou romances (Azul do Filho Morto, Bangalô e Joana a contra-gosto – este último concorrendo ao Jabuti 2006), livros de contos (Fátima fez os pés para mostrar na choperia, Herói Devolvido) e crônicas (Notas de Arrebentação). E muitos outros livros.

A&P: Marcelo, em que momento da sua vida - se é que houve esse momento - você sentiu que a sua vocação era mesmo a literatura?
MM: Aos três anos de idade descobri que o ursinho da lata de talco Pom Pom me enganava, que era um canalha.Escrevi sobre esse tema no "Notas da Arrebentação". Dá uma espiada num monólogo cujo título é "Luto".

A&P: Você me contou, um dia, que o Azul do Filho Morto foi o romance em que você conseguiu atingir um grau de liberdade muito importante pra você. Como foi isso?
MM: Eu lhe disse que me libertei ou acertei as contas com minha família e a partir de o "Azul..." as coisas,digo sintaticamente, ficaram mais fáceis. Mas ainda tenho um montão de nós (religiosos, políticos, existenciais, etc) para desatar. Não sei se vou ter fôlego e paciência para tanto.

A&P: Se os EUA declarassem guerra ao Brasil e iniciassem um ataque nuclear ao nosso país e nós todos fôssemos obrigados a nos esconder em abrigos subterrêneos, quais livros você levaria para lá?
MM: Livro nenhum, Miguel. Tô com o saco cheio de livros, escritores, vaidades e futilidades do gênero.Talvez levasse umas bergamotas, caquis e uma foto em que estou em cima de uma Lhama. Eu tinha uns três anos de idade, tenho saudades do que eu poderia ter sido.

A&P: O cinema, música, a tv, exercem influência significativa na sua inspiração?
MM: Nunca tive inspiração, idéias, esses trecos aí. O que me motivava (antes de o meu saco encher) era o sentimento de revanche, vingança e alheamento.

A&P: Quais são as coisas do Brasil que você mais gosta? E do que você não gosta?
MM: Tenho alma portenha,Miguel. Nunca tive afinidade com as coisas do Brasil ... isso não quer dizer que eu desgoste do país. Gosto de churros, por exemplo.

A&P: Como você caracterizaria a cidade de São Paulo, numa palavra?
MM: Caipira.

A&P: E o Rio, qual a impressão que o Rio passa pra você?
MM: Uma cidade que sumiu para mim.

A&P: Quais seus projetos literários para este ano?
MM: Quero voltar às crônicas, Miguel. E ganhar uns trocos com uns prêmios literários.

A&P: Você lê alguma coisa de literatura pela internet? Gosta de ler blogs, por exemplo?
MM: O blogue do Marião, principalmente.

A&P: Quais os aspectos da literatura brasileira que decididamente não lhe agradam?
MM: Os poetas em primeiro lugar. Depois os escritores de maneira geral.

A&P: Qual a função (ou disfunção, se preferir) social da literatura, na sua opinião?
MM: Como diz o Evandro Ferreira, a função da literatura é fechar portas.

A&P: Da turma nova das letras, tem algum que destacaria?
MM: Lísias, Montenegro, Juliano Pessanha... e o Nilo Oliveira que - imagino - deve estar aprontando algo nesse momento.

Um comentário:

Anônimo disse...

hahhahh adoro esse escritor!!!!!!

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