Música e poesia nas ruas

Recentemente vivenciei dois grandes acontecimentos musicais. O primeiro foi a compra de um aparelho MP3 Player. A segunda foi a passagem do poeta blogueiro Jorge Ferreira pelo Rio de Janeiro, à caminho da Nova Zelândia, deixando um rastro de 400 músicas em meu computador.

Desde então, gravo as músicas no meu MP3 Player e vou caminhar pelas redondezas do meu querido Bairro de Fátima, região central do Rio de Janeiro. Escutando um Tim Maia da fase Racional, subo a escadaria atrás da praça principal, ando um pouco, viro na Costa Bastos e sigo até Santa Teresa. Fiz esse percurso muitas vezes.

Ultimamente, tenho optado por um trajeto distinto, perambulando aleatoriamente pelas adjacências da Cruz Vermelha. As ruas pelas quais passo, nesse caminho, são Riachuelo, Marques de Pombal, Irineu Marinho, Santana, Mem de Sá, Resende, Inválidos. Passo por casarios antigos, prédios decadentes dos anos 30 ou 40, construções coloniais, igrejas góticas. Esse caminho tem a desvantagem de ser mais tentador. São dezenas de botequins pitorescos, clássicos, e eventualmente paro num deles para beber uma cerveja e "sentir" o ambiente.

O mais importante, porém, é que voltei a escutar música com reverência e prazer. Sons que tenho curtido: Erasmo Carlos, fase antiga; Bob Dylan; Jorge Benjor; Led Zeppelin; Raul Seixas; e muitos outros.

Bem, dito isto, vamos a outra parte deste post. Creio que venho perdendo meus já raros leitores pela ausência e pela frieza nas postagens, ultimamente apenas contos, sem nenhuma reportagem cultural ou narrativa boêmia. O cachê do blogueiro, já disse alhures, são os comentários. Se o blogueiro não se esforça, perde o cachê.

Vamos tentar consertar isso, contando como foi a sexta-feira passada. Nilton Pinho, artista plástico e companheiro de copo, futebol e trocadilhos, produziu um breve mas interessante espetáculo em Santa Teresa. Vale adiantar que a Petrobrás patrocinou dezenas de eventos artísticos nesta Semana Santa. Música, artes plásticas, poesia, a programação foi intensa. O evento do Nilton consistiu numa perfomance de Fernando Mendonça, também artista plástico e sua esposa. Fernando desceu uma ruazinha vestido de Jesus Cristo, carregando uma cruz estilizada, obra do Nilton, que prendeu na entrada da padaria. Sentada no meio fio, a mulher do Fernando representava Madalena, trajada como mendiga. Eles conversam, brincam de futebol, depois Madalena entra na padaria e volta com um monte de sacolas com bolas de futebol e pãezinhos, que distribui para o público.

Foi divertido. Isso foi às 14:00, num dia de sol e céu azul do Rio de Janeiro. Pouco antes, tomei umas cervejas no Mineiro com a Priscila e Vincent, um canadense que estava sendo ciceroniado pela gente (ou pela Pri, para ser mais exato). Nesta hora, aparece o escritor Botika, sem camisa e brincalhão como sempre, nos cumprimenta e me convida para recitar poesia em evento que coordenaria mais tarde, no Mineiro.

A Pri queria trocar de roupa, então descemos pela Ladeira do Castro e, lá embaixo, eu e Vincent esperamos num barzinho da Nossa Senhora de Fátima, bebendo umas cervejas. Consegui arranhar um francês sofrível, todo errado, mas ao cabo relativamente eficaz. Neste momento, Vincent quis algumas informações sobre a situação política, assunto que tento evitar a todo custo ultimamente, mas não me omiti e consegui dar minha opinião para o canadense de Quebéc, dono de uma agência de turismo. A Pri chegou e subimos pela escadaria da praça que dá na Monte Alegre, e chegamos ao fim do espetáculo do Céu na Terra. Reencontramos o pessoal, meus amigos artistas plásticos de Santa Teresa, o Nilton Pinho, Juliano Guilherme, Hélcio Barros, entre outros. Fomos pra casa do Hélcio, o Vincent sempre à vontade, depois devoramos uma pizza num restaurante e voltamos ao Largo dos Guimarães. Nesta noite, estavam programados vários espetáculos de poesia. Encontrei o Gean no Largo, apresenteio-o ao Vincent, que comprou um livro de poesia. O Vincent estava fascinado com a concentração de artistas em tão pouco espaço.

Chegamos ao Mineiro, pegamos uma mesa e os trabalhos começaram. Neste momento, eu estava empapuçado de cerveja e passei para o destilado, uísque nacional. Nada da poesia começar. Até que Maurição sobe na mesa ao lado, ocupada por três moçoilas perplexas, e inaugura o Cep 20.000. O Maurição tem perto de 1.90 m de altura e deve pesar mais de cem quilos. Estas medidas e mais o seu comportamento frenético e ostensivamente alcoolizado devem ter contribuido para a perplexidade das moças desavisadas.

Maurição gritou seus versos no gogó, depois veio o Guilherme Zarvos, recitou outros poemas e aí um monte de poetas já estava fazendo fila para recitar. Infelizmente, a acústica do Mineiro não era boa e pouco se compreendia do que se falava. Maurição viu-me na última mesa do bar, soturno como sempre e gritou:

MIGUEL DO ROSÁRIO, VOCÊ PODE! VEM AQUI!

E puxou um dos poetas que insistia em falar antes de mim. Eu estava sem meu novo livro de poemas (Antes que chegue a primavera), pois o tinha emprestado para o Botika mais cedo, pensando que o encontraria à noite, mas ele não apareceu. Cooperativo, não neguei fogo e subi na cadeira. Recitei o início do Fantasma da Puta, um dos poucos que sei de cor, mas minha voz não teve uma impostação legal no ambiente. Acabei errando os versos, entrei em outro poema e percebi que ninguém estava entendendo nada. Para piorar, o Zarvos ficou arrotando do meu lado, não sei se porque não estava gostando ou por excesso de gases. Encerrei minha perfomance um pouco melancolicamente e voltei à mesa.

Chacal também deus as caras e recitou alguma coisa. Ericson Pires apareceu, com seu novo looking surfista. Laurent Gabriel estava do lado de fora, dizendo-me que aceitava a proposta para publicar seu livro de poemas pelo Arte & Política.

Encontrei uns amigos, bebi bastante, depois fizemos uma caminhada insensata até o Largo das Neves atrás de outro ambiente. Mas estava tudo fechado lá, como eu previa e voltamos ao Mineiro, a esta hora já encerrando.

Descemos para Lapa, sempre na companhia do Vincent, passamos pela porta do Estrela da Lapa, do Carioca da Gema e do Rio Scenarium, e terminamos a noite na Pizzaria Encontros Cariocas.

9 comentários:

Anônimo disse...

esses poetas são todos uns desequilibrados. por sorte, o mauriçao não cai nas garotas e as esmaga, fatalmente.

Anônimo disse...

nossa, miguelito, me deu uma saudade destes pedaços do rio...
abração,
Renata maciel

Miguel do Rosário disse...

vem aí fazer uma visita. abraço

Jorge Ferreira disse...

as 400 musicas sao so o comeco...logo mais voce vai estar recebendo mais algumas das minhas mais novas aquisicoes pelo correio...valeu pela visita no encarnerubro...esteja sempre presente...um grande abraco...

Miguel do Rosário disse...

valeu Jorge! vou cobrar!

Anônimo disse...

Aí, finalmente voltou a postar!
Vivi

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