Passei uma hora escrevendo nesse blog, cliquei em Postar e apareceu na tela: Houve Erros. Resultado, trabalho perdido. Para me consolar, penso que foi uma intervenção divina. Deus é o grande editor, e quando não gosta de um post, ele intervém e produz erros nos provedores de blogs.
Mas sou persistente, e lá vai mais uma abrobrinha literária. Um conto, de minha autoria, intitulado:
Diário de um escritor bêbado, anônimo e fracassado
Não tenho computador, e descobri somente há poucos dias o que é um blog. Um amigo, artista plástico antenado com o mundo moderno, e que sempre paga umas cervejas em troca de meus trocadilhos, foi persistente e conseguiu me transmitir alguns conceitos importantes sobre o universo virtual.
Ele me prometeu publicar essa crônica em seu blog. Então vamos lá. Apesar de ele ter me explicado que hoje em dia existem milhões de blogs, tenho esperança de que, com a publicação desse meu primeiro texto, o sucesso finalmente baterá a minha porta.
Tenho trinta e cinco anos, sou solteiro e moro na Lapa, centro do Rio. Há dez anos que estou desempregado, ou melhor, que faço questão de não trabalhar. Minha renda é uma modesta mesada que recebo de minha mãe, professora aposentada que concluiu, talvez com razão, que tenho uma espécie de doença mental e portanto incapacidade para qualquer tipo de trabalho. Minhas veleidades literárias, para ela, apenas confirmam essa teoria.
Dedico-me exclusivamente à literatura. Digo: à literatura, o que não é o mesmo que dizer: à escrita, ou à leitura. Recebo 800 reais de mesada, gasto 350 com a pensão, que inclui a comida, e o resto é destinado ao consumo de cachaça e cerveja. E mesmo assim sou obrigado a recorrer, sistematicamente, a meus amigos-mecenas, o artista plástico já mencionado e um jornalista, também apreciador de meus geniais trocadilhos.
Mesmo sem ler quase nada, no máximo alguns minutos de poesia antiga, uma passada de olhos no velho Guimarães, e escrevendo também com uma parcimônia que beira a inércia total, sinto que me dedico integralmente à literatura. Costumo pensar: estou esperando, acumulando forças para escrever os grandes poemas do século XXI.
Tudo bem, sou um bêbado, um escritor ignorante, fracassado em todos os sentidos, e mesmo assim, ou antes justamente por isso, continuo a acreditar nas possiblidades de êxito que o futuro me reserva.
Enquanto escrevo, observo meu dedão do pé esquerdo, que está sangrando e doendo muito. Pisei num caco de vidro agora pouco, quando voltava da cozinha com uma latinha de cerveja na mão.
Impressionante como o sangue pode ser tão literário...
Bem, já estou cansado. Há meses que não escrevia tanto. Espero que esse texto me traga todo o sucesso que mereço.
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3 comentários:
Eu também...um abraço Miguel...
valeu jorge.
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