Entrevista com Cristiane Costa, editora do Portal Literal

Um leitor deste blog, Dudu Oliva, também blogueiro e contador de histórias, enviou-me mensagem pertinente. Disse que fez uma excelente entrevista com "Cristiane Costa, Doutora em Cultura e Comunicação pela UFRJ, editora da revista Nossa História e do Portal Literal (www.portalliteral.com.br), além de professora universitária. É autora de Eu compro essa mulher: romance e consumo nas telenovelas brasileiras e mexicanas (Jorge Zahar Editor, 2000), entre outros livros. Vale a pena conferir também o site que divulga a pesquisa sobra os jornalistas escritores ww.penadealuguel.com.br".

Estou divulgando a entrevista do Dudu porque tem a ver com que a gente vem discutindo aqui nesse blog. Além disso, cita Dorigatti, meu comparsa nas aventuras pelo jornalismo cultural.

Dudu Oliva-Você é editora do site Portal Literal, um dos mais respeitáveis e completos na cobertura de eventos literários e culturais. A consolidação da INTERNET, a proliferação de blogs e sites literários estão ajudando a impulsionar o jornalismo cultural?

R: Sim, principalmente quando conseguem usar todo o potencial narrativo da internet para produzir um conteúdo inovador. Mas isso exige um mínimo de conhecimento de informática, pesquisa de linguagem específica e até infra-estrutura técnica. O jornalismo cultural na internet não deve ser uma cópia do impresso, com suas eternas resenhas e entrevistas, mas explorar toda a possibilidade do hipertexto. No caso do Portal Literal, produzido pela Conspiração Filmes, com o patrocínio da Petrobras, essa pesquisa de linguagem tem sido possível graças a um razoável investimento financeiro, o que permitiu que atingisse alto nível de profissionalização e contratação de mão-de-obra especializada. Usamos muitos links para ilustrar nossos textos e agora estamos investindo na TV e na rádio on-line.
No caso dos blogs, eles geraram uma rede, em que os próprios criadores divulgam sua produção, entrando em contato com outros produtores e diretamente com os leitores. Assim, os autores não ficam mais a reboque dos suplementos literários tradicionais. Muitos são descobertos por editoras e convidados para publicar seus livros em papel por meio de seus blogs.

2- Existe ainda um preconceito esse novo meio de comunicação (INTERNET) à divulgação de informação ou cultura?
R: Não vejo isso não. Há muita curiosidade.

3- Os sites literários e culturais, inclusive o Portal têm mais autonomia quando vão divulgar algum evento ou criticar, comparado com o jornal ou revistas impressas?

R: Trabalhei durante 20 anos em jornal, os cinco últimos editando o Caderno Idéias, do Jornal do Brasil, e tinha total autonomia. O problema não é a orientação do jornal. Mas a forma como tradicionalmente é feito, que não é muito dada a inovações. Por mais que queira inovar, você acaba fazendo tudo igual ao que o suplemento já fez no passado e ao que os outros jornais fazem.

4- A equipe do Portal é eclética?

R:A curadora é Heloisa Buarque de Hollanda, professora da Eco-UFRJ e uma das críticas de cultura mais antenadas do país. Eu sou jornalista, doutora em Comunicação e Cultura, e fui aluna dela. O repórter é o Bruno Dorigatti, jornalista e estudante de História. Pertencemos a gerações e temos formações ligeiramente diferentes, mas temos muita coisa em comum.

5- Você escreveu um livro Pena de aluguel e até tem um site para divulgação (www.penadealuguel.com.br). Você estudou os escritores jornalistas de cada geração. Os problemas existenciais e materias desse grupo mudaram ou continuam a afligir a geração de agora?

R: O que mais me intrigou, ao refazer uma pesquisa que João do Rio fez com os escritores brasileiros cem anos depois, foi encontrar os mesmos problemas. E, ao quantificar os resultados, ver que as respostas não diferiam muito da enquete dele para a minha. Basicamente o problema é que você não tem como se manter financeiramente no Brasil se resolver ser só escritor. E, se vender seu tempo para o jornal, pode se distanciar muito da literatura.

6-Na sua opinião, a Internet como pode ajudar esse grupo
"escritor-jornalista pós-moderno"?


R: Não muda nada, não. O escritor que é jornalista em geral não se ressente de falta de visibilidade, mas de falta de tempo para escrever.

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