Terminei de reler, há poucos dias, o livro Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, e estou traçando agora o Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre. É sempre impressionante verificar como problemas tão antigos conseguiram estender sua herança até nossos dias.
Freyre explica, em linguagem exuberante, as origens culturais, sexuais, econômicas, psicológicas, patológicas, do caráter brasileiro.
O antropólogo pernambucano lança por terra muitas teorias ufanistas sobre as riquezas do país. O solo brasileiro sempre foi pobre, o clima tropical antes dificultou que ajudou no cultivo de plantas nutritivas e o sistema implantado, de monocultura, terminou por trazer enormes limitações para a alimentação nacional. Esta deficiência, afirma Freyre, senão foi fundamental, como acreditam extremistas, foi importante, ou antes, nociva ao desenvolvimento saudável da economia brasileira.
A divisão de classe ente senhor e escravo também deixou marcas profundas na sociedade.
Interessante ainda a afirmação de Freyre, com base em abundante material bibliográfico, sobre a disseminação do sangue negro em todo país, incluindo os sertões. Os negros aquilombados nos sertões foram muito mais numerosos do que conta certa historiografia oficial. Eles raptavam as moças-índias nas aldeias e daí produziu-se uma vasta população mestiça pelo país.
O livro de Sérgio Buarque de Holanda, por sua vez, aprofunda-se sobre a influência da cultura ibérica sobre a nascente cultura brasileira, e as diferenças entre o rigor acadêmico dos espanhóis e a lassidão esperta dos portugueses.
Nos dois livros, fica claro que os portugueses se diferenciaram de outros povos colonizadores pela ausência de preconceito sexual. Os lusitanos compensaram a reduzida população pela generosidade com que doaram seus espermatozóides às lindas mulheres que aqui encontravam, entregando-se fácil em troca de qualquer bugiganga européia.
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2 comentários:
Parabéns
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