E o Não vai ganhar... (ou não?)

Sinto-me com dívida comigo mesmo e com a sociedade brasileira (ou pelo menos com os três ou quatro que acompanham meus artigos), por não ter escrito nada sobre o referendo de domingo.

Nos últimos dias, tenho procurado ler artigos sobre o tema, buscando uma visão mais organizada do problema, de forma a sentir-me capaz de produzir argumentos consistentes, que tivessem o poder de mudar percepções.

Também já tive discussões, apaixonadas e serenas, com pessoas que defendem o Não. Tenho amigos que defendem o Não e amigos que defendem o Sim.

O fato é que, dessa vez, não me senti capaz de escrever nada de contundente sobre o tema. O único recado que gostaria de deixar, é que o referendo, independente do resultado, será um excelente ensaio de democracia direta.

Reclama-se dos gastos com o referendo, mas dinheiro gasto com democracia é o melhor investimento que podemos fazer em nosso futuro político.

Deixo claro aqui, que sou a favor do Sim, porque sou contra as armas. Sou contra a defesa armada. Quem tem que proteger o cidadão é a Polícia, a Justiça, o Estado.

Sei que nem sempre essas instituições são os mais confiáveis, mas é o que temos. A luta é para aperfeiçoá-las, e não desprezá-las e tratar de fazer justiça com as próprias mãos.

O referendo mexe com interesses poderosos, preconceitos secularmente enrustidos no espírito brasileiro, influências culturais advindas de tantos filmes americanos, onde a arma de fogo é sempre o elemento estético preferido.

Enquanto isso, a Miriam Leitão recebe prêmio de jornalismo nos EUA, o mesmo prêmio que deram à Carlos Lacerda, aquele fantoche de paladino da democracia que, a todo momento, planejava golpes militares. É claro que dão o prêmio à Miriam Leitão, ela é uma ótima jornalista econômica, além de ter se tornado uma das mais ilustres próceres da direita nacional.

Reinaldo de Azevedo é o sucessor de Olavo de Carvalho na edição de sábado, no Globo. Interessante que o tenham escolhido, não? Domingo, tem a coluna do FHC...

Azevedo parece ter aprendido algumas técnicas de "colunagem marrom" com o Olavo e com o Mainardi. Por exemplo, construir raciocínios baseado em premissas falsas, duvidosas, preconceituosas, sempre usando um tom jocoso, sarcástico, de maneira a não se definir como jornalismo sério e sim como opinião livre e democrática. Assim pode-se escrever merda à vontade, com a eterna desculpa da "opinião livre".

Esse tipo de estratégia dá resultados curiosos: os ingênuos acreditam em tudo que esses colunistas escrevem; os cínicos apreciam o estilo "literário" do texto e dão risadinhas de prazer; os cidadãos honestos ficam confusos com toda aquela salada de "verdades", "mentiras", "piadas" e "denúncias"; os politizados aprovam euforicamente ou têm ataques apopléticos de ódio contra esse tipo de estelionato jornalístico.

Os direitos da comunicação vêm sendo objeto de intenso debate entre estudiosos, cidadãos comuns, jornalistas, autoridades e mesmo escritores. Um dos últimos romances de Saramago fala do poder da mídia nas democracias modernas.

Acho esse tipo de debate muito saudável, e particularmente sou contra essa liberdade "moleque" exercida por uma mídia concentrada e oligárquica. Necessário democratizar a comunicação social no país e criar serviços obrigatórios de Umbudsman dentro das redações, que sejam críticos em relação ao próprio jornal, de forma a manter a respeitabilidade futura da imprensa brasileira.

Azevedo foi apadrinhado pelo Globo, Miriam recebeu seu trofeuzinho. Mais dois cavaleiros do Apocalipse estão prontos para marchar em 2006...

5 comentários:

Anônimo disse...

hummm, eu voto sim...
eu voto não.
eu voto nãosim...

Anônimo disse...

alaw, allaaaw

Roberto Iza Valdés disse...
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Anônimo disse...

aqui nao tem nada do q eu procuro vou processar vcs

Roberto Iza Valdés disse...
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