Porque a gente é assim

(ateliê de Nilton Pinho)

Tateei a ilusão no escuro. Senti uma coisa gosmenta, gelada. Não queria mais sonhar, e no entanto continuava a distrair-me em nebulosass divagações. Arrancava um braço do monstro e mastigava, feliz, cuspindo o osso pela janela. Contemplei o escuro do abismo e quis saltar, como quem pretende aniquilar a dor a golpes de niilismo.

Não consigo mais improvisar histórias simples. Como aquela da menina que bebeu um copo de ácido quando soube que seu amor havia se casado com outra mulher. Não morreu, coitada, mas o esôfago ficou meio destruído. Condenada à dieta líquida.

Já contei-lhes sobre meu tio-avô jagunço? Miguelão colecionava orelhas em sua bolsa de couro. Eram o seu curriculum vitae.

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